segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Reconstrução Mamária com Engenharia de Tecidos e Transplante de Gordura Autógena Purificada
Reconstrução Mamária com Engenharia de Tecidos e Transplante de Gordura Autógena
Prof. Dr. Alexandre Mendonça Munhoz
Hospital Sírio-Libanês
O Prof. Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, cirurgião plástico e docente pleno do programa de pós-graduação do Hospital Sírio-Libanês, realizou pela primeira vez no Brasil, a reconstrução mamária com técnica de engenharia de tecidos e transplante de gordura autógena purificada. A reconstrução da mama foi realizada de maneira imediata após mastectomia redutora de risco executada pelo mastologista Prof. Dr. José Roberto Filassi no mês de agosto no Hospital, fato inédito em nosso meio.
Na cirurgia de redução de risco (adenomastectomia profilática) foi empregado uma matriz de tecido biológico acelular com preservação da arquitetura conjuntiva original (Stratticetm), o que proporcionou uma estrutura de suporte para o implante de silicone e crescimento de células durante o processo de integração. A matriz permitiu ainda a total cobertura inferior do implante sem a utilização de retalhos musculares, os quais apresentam maior morbidade, tempo cirúrgico e dor pós-operatória.
Associado ao procedimento com emprego da matriz biológica, foi utilizado uma nova tecnologia para a captação e purificação de tecido adiposo com o emprego de dispositivo fechado destinado a filtragem e transferência imediata de gordura autógena (Revolve System™). Essa nova tecnologia, permite o processamento de gordura em tempo rápido, em circuito fechado e desta forma sem contaminação. Os procedimentos, inéditos em nosso meio, mereceram destaque no Jornal do Hospital Sírio-Libanês (Entre Médicos) o qual enfatizou o pioneirismo no âmbito da reconstrução da mama pós câncer e cirurgias redutoras de risco. De modo semelhante, a cirurgia inédita foi motivo de "release" nos EUA como primeiro emprego da nova tecnologia no Brasil.
Estudos demonstram que a retenção de tecido adiposo é equivalente à técnica de centrifugação porém significativamente mais elevado do que o método de decantação. Ademais, a presente tecnologia remove em maior volume o óleo livre e células vermelhas do sangue quando comparado aos demais métodos de decantação ou centrifugação, permitindo assim melhores resultados e menor índice de complicações.
Ambas as tecnologias foram recentemente aprovadas no Brasil pela ANVISA e estão disponíveis há alguns anos nos EUA e Europa. O Hospital Sírio-Libanês é o primeiro Hospital a aplica-las no âmbito da reconstrução mamária pós câncer.
O Prof. Dr. Munhoz, também Livre-Docente pela FMUSP, participa na orientação de pesquisas no programa de pós-graduação do IEP com o emprego de enxerto de gordura na cirurgia mamária.
terça-feira, 31 de maio de 2016
Conferência Ricardo Amorim / Situação Econômica e Mercado de Trabalho na Cirurgia Reconstrutora da Mama
Situação Econômica do Brasil e Cirurgia Plástica Estética e Reconstrutora da Mama
Ricardo Amorim na Jornada Paulista de Cirurgia Plástica/2016
A XXXVI Jornada Paulista de Cirurgia Plástica manteve seu modelo de sucesso dos últimos 4 anos, baseada em uma estrutura objetiva, alto nível científico e com ênfase para a discussão profunda sobre alguns temas que geram dúvidas e controvérsia no âmbito da cirurgia plástica estética e reconstrutora. Embasada no modelo PBL (Problem-Based Learning), a qual por meio da configuração específica de painéis com casos clínicos promove-se a discussão com experts e a platéia, promovendo assim o embate de condutas e soluções para o problema apresentado e, em última instância, a produção e fixação de conhecimento. Neste ano, a ênfase foi a abordagem prioritária de temas relacionados à cirurgia estética, todavia muitos conceitos discutidos durante a JP-2016 podem e devem ser aplicados no âmbito da cirurgia reconstrutiva e, sobretudo no que se refere à cirurgia de reconstrução da mama.
Paralelamente ao programa principal, neste ano o DEC (Departamento de Eventos Científicos) incluiu no programa da Jornada Paulista uma inovação em relação aos anos anteriores, qual seja a apresentação de temas relevantes por palestrantes consagrados e não necessariamente relacionados à cirurgia plástica. Presidente da Ricam Consultoria, o economista Ricardo Amorim já trabalhou em Nova York, Paris e São Paulo, e foi palestrante-âncora e dividiu painéis com gurus ilustres, de economistas ganhadores do Nobel a ministros de estado e presidentes de bancos centrais.
Ricardo Amorim é presidente da Ricam Consultoria, prestadora de serviços na área de negócios e economia global. Economista, formado pela Universidade de São Paulo (USP), é pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela ESSEC de Paris, Ricardo atua no mercado financeiro desde 1992, onde trabalhou em Nova York, Paris e São Paulo, sempre como economista e estrategista de investimentos. Atualmente é o único brasileiro incluído na lista de importantes spekers, Ricardo Amorim profere, há anos, palestras e tendências no Brasil e exterior e em áreas específicas que no caso da cirurgia plástica muito depende da situação econômica e do otimismo da população.
Vale ressaltar que uma porcentagem significativa de procedimentos de reconstrução mamária no Brasil são realizados por meio do sistema de saúde suplementar como planos e seguros de saúde. Dados provenientes da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) calcula de maneira aproximada que mais de 1,3 milhão de pessoas no Brasil deixaram de ter planos de saúde entre março de 2015 e março deste ano, sendo que quase 50% da pessoas que perderam o plano, o fato ocorreu no primeiro trimestre de 2016. É fato que os planos empresarias foram os que mais tiveram perdas uma vez que seus beneficiários não mais foram contemplados pela assistência de saúde devido a perda de emprego, seja homens nos quais o plano se estendia à esposa e desta forma a cobertura para a reconstrução da mama ou mesmo mulheres que não mais passaram a ter o benefício.
Apesar deste cenário não favorável e a menor cobertura para o tratamento do câncer de mama e da reconstrução, a expectativa da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), é que antes do fim de 2016, o setor de saúde suplementar recupere as perdas de beneficiários. Tal pensamento também é corroborado pela visão otimista do convidado especial da nossa Jornada Paulista/2016, o economista Ricardo Amorim. De fato, na JP-2016, Amorim nos apresentou uma profunda análise do cenário atual da economia e da política brasileira e como a situação atual chegou ao que está hoje.
Apesar da grave situação econômica atual e da intensa falta de otimismo nos mais diversos segmentos da economia, e que de fato contribuem para o mercado de cirurgia plástica, Ricardo acredita como poucos que a retomada do crescimento será muito mais rápida do que a dos países desenvolvidos, em uma curva semelhante a um “V”, ou seja, acelerada expansão após queda acentuada. Enfatiza ainda a importância dos ciclos de desenvolvimento e crise no Brasil e em diferentes países e apesar da atual conjuntura política não favorável ao julgamento de mudanças, este ciclo voltará a se repetir com novo crescimento pujante.
Apesar deste cenário não favorável e a menor cobertura para o tratamento do câncer de mama e da reconstrução, a expectativa da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), é que antes do fim de 2016, o setor de saúde suplementar recupere as perdas de beneficiários. Tal pensamento também é corroborado pela visão otimista do convidado especial da nossa Jornada Paulista/2016, o economista Ricardo Amorim. De fato, na JP-2016, Amorim nos apresentou uma profunda análise do cenário atual da economia e da política brasileira e como a situação atual chegou ao que está hoje.
Apesar da grave situação econômica atual e da intensa falta de otimismo nos mais diversos segmentos da economia, e que de fato contribuem para o mercado de cirurgia plástica, Ricardo acredita como poucos que a retomada do crescimento será muito mais rápida do que a dos países desenvolvidos, em uma curva semelhante a um “V”, ou seja, acelerada expansão após queda acentuada. Enfatiza ainda a importância dos ciclos de desenvolvimento e crise no Brasil e em diferentes países e apesar da atual conjuntura política não favorável ao julgamento de mudanças, este ciclo voltará a se repetir com novo crescimento pujante.
Amorim ainda compara o movimento a ser vivido pelo País a um bem mais contido, semelhante a seguidos “W” (leves retomadas que não se sustentam até alcançar o real crescimento), que deverá ocorrer na Europa e nos Estados Unidos. Diferente de seus pares, respeitados economistas com visão mais nebulosa do futura. Ricardo nos apresentou uma excelente e motivadora conferência, mostrando de maneira concreta e baseada em estatísticas e previsões, um caminho otimista, com aposta em grande expansão dos investimentos no País em curto e médio prazos, uma vez que os aplicadores estrangeiros buscarão destinos alternativos diante do baixo crescimento dos países desenvolvidos.
Entre os principais problemas apresentados por Ricardo há a falta de perspectiva de aumentar o potencial de crescimento de longo prazo para sair da crise conjuntural. O economista enfatiza problemas como legislação trabalhista falha, corrupção e falta de infraestrutura. Isso não permite que o Brasil cresça rapidamente, mas não explica a crise atual. Segundo Amorim, esta atual situação foi sendo construída durante anos e principalmente após 2010 onde foram gerados desequilíbrios macroeconômicos nas contas externas, na inflação e nas contas públicas.
As contas externas se deterioraram porque, desde o governo Lula, o consumo foi incentivado, mas não a produção. Assim, houve um aumento de custos para produzir e cresceu a importação e a inflação. Esses desequilíbrios já estão sendo resolvidos, de uma maneira ou de outra, com a megadesvalorização do real melhorando a balança comercial e a recessão tornando impossível o aumento dos preços e assim reduzindo a inflação, ressalta o economista. Ricardo acredita ainda de maneira muito otimista na brevidade da saída da crise e enfatiza que a virada da economia está muito mais próxima do que a maioria dos profissionais autônomos, no caso cirurgiões plásticos possam vislumbrar.
De maneira muito clara e segura, Amorim enaltece que iremos sentir os sinais no segundo semestre deste ano (2016), e, quando a recuperação vier, esta vai se mostrar mais consistente e potente do que o esperado. Indagado sobre quais seríam as medidas a serem implantadas pelo novo governo, Amorim enfatiza que todas as medidas do governo anterior foram voltadas ao curto prazo e sem perspectivas de pagamento da dívida pública, fato este que não cria segurança no empresariado e investidores internos e externos. Desta forma, há a necessidade de sair da discussão do déficit atual e demonstrar um horizonte mais confiável de pagamentos a longo prazo, e para isso há a necessidade de um projeto real de reformas entre as quais a da Previdência.
O interessante da palestra do Ricardo Amorim foi a perspectiva para nós cirurgiões plásticos de novo ânimos, e que o momento é de fazer o caminho reverso e voltar a crescer, enfatizado de maneira muito clara que pela evolução histórica do nosso país, estamos no fim de um ciclo de queda e de pessimismo. Para entender o atual cenário, Amorim mostrou durante sua exposição a economia brasileira desde 1900 e descobriu que todas as vezes que o país atravessou recessões longas e profundas, na sequência houve um processo de crescimento acelerado. “É claro que vai mudar, isso é histórico desde o início do século passado onde alguns anos depois, a média de crescimento do PIB por três anos costuma subir a níveis de pelo menos 5 - 6% ao ano.
A razão para isto é habitualmente temos um período longo onde o crescimento cai porque não há mais confiança, os planos ficam parados, porque os empresários simplesmente seguram e não investem, ou por não terem segurança no atual momento ou simplesmente querem esperar mais” enfatiza Amorim. Há ainda mais um fator que é que o Brasil ainda é um ambiente atrativo para o resto do mundo pela demanda de consumo interno. Ricardo menciona ainda que empresa globais que querem ter uma presença realmente global, não podem deixar de ter uma presença no Brasil. Desta forma, considera-se o potencial de crescimento ao longo prazo, a queda do preço dos ativos decorrente da crise e que a alta do dólar barateou esses ativos para os estrangeiros. Não tenho certeza de quando a recuperação econômica começará, creio que ela será breve, mas o que tenho certeza é que ela terá muita força”, enfatiza Amorim.
quinta-feira, 12 de maio de 2016
A Cirurgia da Mama e a Atuação da SBCP no CFM
A Cirurgia da Mama e a Atuação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) no Conselho Federal de Medicina (CFM)
Alexandre Mendonça Munhoz
Atendendo a convocação emitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e
de acordo com o ofício CFM-3260/2014 PRESI, a Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica representada pela CNRM-SBCP esteve presente na sede do CFM em Brasília
para a 2a. Sessão Plenária Extraordinária para a discussão do tema: “Técnica
Oncoplástica”.
Na presente Sessão participaram os
membros efetivos/consultores da Comissão Nacional de Reconstrução Mamária da
nossa Sociedade (CNRM-SBCP) designados pelo nosso Presidente na época, o Dr. João de
Moraes Prado Neto, quais sejam os colegas Drs. Alexandre Mendonça
Munhoz, Denis Calazans, João Carlos Sampaio Goes e Luciano Chaves.
Coordenada pelo presidente do CFM, Dr. Roberto Luiz D’Avila, a
presente reunião teve duração aproximada de 2 horas e meia e incluiu a
apresentação teórica de 1 hora e meia por parte do coordenador da CNRM Dr.
Alexandre Mendonça Munhoz, sobre a reconstrução mamária sob a ótica da nossa
SBCP, seguida pela arguição e questionamentos por parte dos conselheiros do
CFM, amplamente discutida pelos Drs. Calazans, Sampaio Goes e Luciano Chaves.
Prof.Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, sessão plenária do CFM em Brasília |
Como se tratava da última sessão plenária da gestão do CFM, tivemos a
oportunidade de expor nosso ponto de vista para um plenário cheio com a
totalidade dos conselheiros do CFM e inclusive com a presença e opnião do
futuro presidente do CFM, o conselheiro Carlos Vital Tavares Corrêa Lima e
o Ex-Secretário de Saúde do Distrito Federal e conselheiro do CFM Dr. Elias
Fernando Miziara.
Esta
reunião teve como objetivo principal a apresentação do ponto de vista da
cirurgia plástica no que tange a reconstrução da mama, os diferentes aspectos
da cirurgia mamária e em específico as áreas de atuação de ambas
especialidades, enfatizando a qualidade da formação do profissional. Vale
salientar que a presente reunião só se tornou possível devido ao árduo e eficaz
trabalho realizado pelo nosso Vice-Presidente Denis Calazans e
Secretário-Geral Luciano Chaves, atuais representantes da nossa
Sociedade no CFM.
Não menos importante merece destaque ainda o grande apoio do
nosso colega cirurgião plástico do Tocantins e conselheiro e coordenador da
Câmara Técnica do CFM, Dr. Pedro Eduardo Nader Ferreira e dos demais membros da Câmara Técnica de
Cirurgia Plástica do CFM, os Drs. Ognev Cosak, Lydia Massako, Wanda
Elizabeth, Carlos Jaimovitch, José Tariki e José Horácio Aboudib.
De maneira geral, na exposição teórica foram abordados os seguintes
temas já abordados em reuniões prévias e publicadas no Plastikós:
I. Papel atual do cirurgião plástico na cirurgia
oncológica da mama (reconstrução na cirurgia conservadora, radical, cirurgias
redutoras de risco e reconstruções torácicas), enfatizando os benefícios do
procedimento e a crucial necessidade de formação plena, bases sólidas de
cirurgia geral, aprimoramento e senso estético além de completo entendimento de
procedimentos de alta complexidade.
II. Prevalência da reconstrução imediata da mama no mundo e no nosso
meio e os fatores preditivos relacionados a maior ou menor indicação da
reconstrução. Tal argumento se contrapôs a dados mencionados por mastologistas
na Sessão Plenária prévia que enfatizaram a baixíssima prevalência de
reconstrução em nosso meio, com taxas próximas a 2,5%, e em todas as regiões do
Brasil. Atribuiu-se este fato ao baixo número de profissionais afeitos e
disponíveis para a reconstrução e desta forma a necessidade de treinamento de
mastologistas para a reconstrução. Em diversas reuniões realizadas na CNRM já
havíamos entendido que a indicação da reconstrução é multifatorial e decorrente
de outros fatores além do número de profissionais com experiência em
reconstrução, mesmo em países desenvolvidos e com mais recursos em termos de
saúde pública.
Sessão plenária do CFM, com exposição do Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, |
De fato, de acordo com levantamentos realizados nos EUA (ASPS
Database-2012 e 2013), há uma grande variação nacional na indicação da
reconstrução mamária. Consoante informações do National Cancer Institute USA
(NCI) em 2012 foram diagnosticados aproximadamente 212 mil casos de câncer de
mama nos EUA e, no mesmo ano, foram contabilizados 97 mil reconstruções
mamárias (incluindo neste número reconstruções tardias e reoperações). Desta
forma nos EUA, menos de ¼ das pacientes fazem a reconstrução imediata da mama,
isto em um cenário com mais recursos e informação quando comparado ao nosso. De
fato, estudos realizados pela Universidade de Michigan (Alderman et al. JAMA 2006) mostram grandes discrepâncias
regionais com taxas de reconstrução imediata que variam de 4,5% (Alaska) e
37,5% (Atlanta). Assim, são outros
fatores e não apenas o número de profissionais que explicam o baixo número de
reconstruções.
“Em diversas reuniões
realizadas na CNRM já havíamos entendido que a indicação da reconstrução é
multifatorial e decorrente de outros fatores além do número de profissionais, O
mesmo cenário é observado em países desenvolvidos e com mais recursos em termos
de saúde pública que o nosso” Alexandre Munhoz, coordenador da CNRM-SBCP.
Fatores como idade, presença de doenças clínicas associadas,
obesidade, estadiamento tumoral e informações sobre o tema também estão
relacionados com a maior ou menor indicação da reconstrução e estão consoantes
à séries clínicas descritas (Christian et al., Ann Surg Oncol 2006). Neste último estudo, envolvendo 8 centros
terciários de câncer de mama americanos, demonstraram taxas de reconstrução
próximas a 40%. De modo semelhante e avaliando centros acadêmicos e/ou
terciários em nosso meio que prestam atendimento SUS apresentam taxas de reconstrução
próximas a países desenvolvidos e próximas a 45% (Hospital Pérola Byngton,
ICESP-FMUSP, UERJ).
III. Importância do atendimento multi-profissional no câncer de mama. Apesar de
consagrado o saudável conceito da multi-disciplinaridade, foi enfatizado na
apresentação que temos observado mudanças de postura em relação a cirurgia
plástica e, sobretudo em ações éticas defendidas pela SBCP as quais valorizam o
papel do especialista. Desta forma, algumas instituições de atendimento
terciário e relevantes no tratamento do câncer de mama no Brasil tem
apresentado um movimento progressivo de exclusão do cirurgião plástico do
atendimento multi-disciplinar. Dados recentes provindos de alguns centros
demonstram de maneira clara a maior resistência a participação de colegas
cirurgiões plásticos em modelos de atendimento previamente estabelecidos nestes
departamentos e a atuação única do mastologista como cirurgião oncológico e
reparador. No cenário destes centros, a situação torna-se mais temerária uma
vez que residentes de serviços credenciados da SBCP, realizam sua
complementação de formação em reconstrução mamária em outros serviços, com as
devidas limitações e custos adicionais.
Sessão plenária do CFM, com exposição do Dr. Alexandre Mendonça Munhoz |
Em função dos argumentos acima, foi exposto aos conselheiros do CFM de
maneira contundente que o cirurgião reconstrutor de mama deve ter o
conhecimento oncológico para realizar a cirurgia terapêutica e reconstrutora,
favorecendo desta forma o amplo entendimento das diversas afecções e sua
complexidade no âmbito da cura e da reabilitação. Ademais, a SBCP tem como
objetivos já claramente expostos, inclusive em reuniões já realizadas com a
SBM, estabelecer propostas de trabalho baseadas em princípios éticos e de
boa conduta de convivência e que enfocam áreas objetivas para beneficiar ambas
especialidades pertinentes e já co-existente em diversos centros formadores de
cirurgiões reconstrutores e Hospitais de Câncer no Brasil. Ademais, a SBCP
entende que um trabalho conjunto, envolvendo a Cirurgia Plástica e a Mastologia
e diversos centros com programas oficiais em mastologia e cirurgia plástica e,
sobretudo alicerçada em ações coordenadas por uma comissão mista, permitirá a
médio e longo prazo um novo e cenário de atuação para futuros cirurgiões
terapêuticos e reconstrutores de mama provenientes das suas especialidades aqui
envolvidas.
Neste sentido e frente ao exposto colocamos de maneira clara e
inequívoca a proposta da SBCP para a SBM com intuito de aprimorar de maneira
sólida o cirurgião reconstrutor baseado em quatro (4) condutas ou pontos a
serem adotados por ambas especialidades :
I. Elaboração de um modelo de “aprimoramento” em cirurgia
reconstrutiva oncológica da mama para mastologistas, e cirurgia terapêutica
oncológica mamária após a residência, com duração mínima de um ano e 1920 horas
de treinamento.
II.Definição do conteúdo programático e locais de ensino com
capacidade multidisciplinar dos modelos de “aprimoramento” com definição
objetiva de ensino em cirurgia reparadora e terapêutica oncológica para formação
de profissionais provenientes das duas especialidades envolvidas.
III. Acesso do profissional que realizou o “aprimoramento” ou
“fellow” a eventos de ambas especialidades com objetivo de atualização
continuada.
IV. Exclusão nos modelos de aprimoramento e conteúdo programático,
as cirurgias com natureza estética clara, quais sejam as mastoplastias de
aumento estéticas em situações de hipomastias e assimetrias, as mastopexias em
situações de ptose mamária e assimetrias e mamoplastias redutoras em situações
de hipertrofia mamária.
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