Simpósio Internacional
Como convidados internacionais, participaram o Dr.Alexandre Mendonça Munhoz de São Paulo e o Dr. Eduardo Sucupira do Rio de Janeiro que abordaram diferentes aspectos da cirurgia mamária atual. Com experiência na área de cirurgia de mama, o Dr.Munhoz abordou em 4 aulas novos conceitos e abordagens no planejamento da cirurgia de mama, estética com enfoque nos modelos anatômicos biodimensionais, e oncoplástica, com ênfase nos expansores de última geração como o 133 texturizado de válvula integrada e o 150 implante-expansor biodimensional de válvula remota.
Em relação aos efeitos deletérios da radioterapia sobre os implantes de silicone e os retalhos cutâneos muitos estudos já abordaram este aspecto com maior propriedade, principalmente a partir do advento da reconstrução mamária imediata no final da década de 70. Todavia, sabe-se que nesta época e até início da década 90, as técnicas e o planejamento da radioterapia não se comparavam aos métodos e a tecnologia que se dispoêm atualmente. Na literatura sobre o assunto merece destaque alguns estudos clínicos que avaliaram os efeitos da radioterapia nas técnicas de reconstrução, quais sejam tecidos autógenos ou aloplásticos.
Em uma casuística de 128 pacientes submetidas à reconstrução mamária, o grupo da Columbia University avaliou os efeitos da radioterapia na incidência de complicações locais na reconstrução. Nas pacientes submetidas à radioterapia, houve uma maior número de complicações totais (40,7% x 16,7%) e um maior número de cirurgias com objetivo de trocar ou retirar o implante de silicone (18,5% x 4,2%). Ademais, todos os casos de extrusão completa do implante de silicone foram observadas nas pacientes com radioterapia prévia.
È fato que algumas pacientes, devido a anatomia local e o tipo de cirurgia oncológica empregada, apresentam maior benefício em termos de resultado estético e menor incidência de complicações com uma técnica do que com outra. Segundo Dr.Munhoz, cabe ao cirurgião plástico ou oncoplástico, o julgamento correto e adequado planejamento com intuito de se auferir bons resultados.
Segundo Dr. Munhoz, o momento ideal é na mesma etapa do tratamento cirúrgico do câncer (chamada de reconstrução imediata), todavia nem todas as pacientes são candidatas a essa opção. Dados provenientes dos EUA, mostram que ainda uma minoria das pacientes optam por esse tipo de abordagem. Apesar dos benefícios em termos de imagem corporal e satisfação nem todas as pacientes se beneficiam com a reconstrução imediata. Mulheres com doenças clínicas não compensadas como diabetes e hipertensão, tabagistas importantes, obesidade severa são fatores preditivos conhecidos para pior evolução e incidência de complicações locais e sistêmicas. Ademais, a incerteza quanto ao diagnóstico e as margens cirúrgicas são pontos relevantes junto com os fatores clínicos já mencionados para se contraindicar a reconstrução imediata e aventar a possibilidade de reconstrução tardia.
Dr.Alexandre Mendonça Munhoz em palestra no evento - Cirurgia oncoplástica - Oncoplastic Surgery - Breast Reconstruction |
Na segunda palestra (Planificación en Reconstrucción con Expansores 133 (Valvula Integrada), o Dr.Munhoz abordou os principais aspectos e indicações da reconstrução mamária imediata e tardia com o conceito de reconstrução em 2 estágios empregando o modelo 133. Este tipo de expansor apresenta revestimento texturizado de última geração denominado de Biocell, o qual favorece o crescimento tecidual na intimidade dos microporos, favorecendo desta forma a adesão capsular. Desta forma, reduz a possibilidade de migração/deslocamento do expansor e inibe parcialmente o fenômeno de contratura capsular pela perda do alinhamento contrátil das fibras de colágeno.
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Características do Estilo 133 (expansor de tecidos texturizado com válvula inclusa da Allergan Natrelle). Dr. Alexandre Mendonça Munhoz, Cirurgia Oncoplástica, Reconstrução da mama. |
Ademais, o processo de crescimento das fibras de colágeno na intimidade do expansor promove em última instância uma penetração da cápsula no elastômero (1-2 mm) que resulta em um efeito semelhante ao "velcro" com grande aderência tecidual. Assim, na utilização do expansor com revestimento tipo Biocell, há uma maior aderência nos tecidos o que favorece a estabilidade do sistema e evita a possibilidade de deslocamento e/ou migração para a região superior.
Devido ao fato de apresentar a válvula integrada ao corpo do expansor, diminui também as complicações/desconforto relacionados à presença da válvula remota. A válvula apresenta uma placa de titânio posterior que evita a perfuração inadvertida do expansor e um componente magnético que favorece a sua localização por meio de um dispositivo "finder" na superfície cutânea. Ademais, devido a sua conformação anatômica favorece a expansão do polo inferior e médio da região mamária estabelecendo com maior precisão a correção da insuficiência vertical, característica essa da grande maioria das mastectomias convencionais.
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Modelo 133 de expansor Allergan Natrelle com os diferentes tipos de altura, FV, MV, SV e LV. Dr. Alexandre Mendonça Munhoz. Cirurgia Oncoplástica. Reconstrução da Mama |
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Modelo 133 Texturizado Biocell com Válvula Integrada Dr. Alexandre Mendonça Munhoz - Cirurgia oncoplástica - Oncoplastic Surgery - Breast Reconstruction |


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Modelo 150 Biodimensional Texturizado Biocell com válvula remota - Dr. Alexandre Mendonça Munhoz - Cirurgia oncoplástica - Oncoplastic Surgery - Breast Reconstruction |
Em sua última apresentação (Planificación y Opciones de Técnicas con Modelo Anatómico 410), Dr.Alexandre Munhoz abordou aspectos da cirurgia de aumento de mama utilizando o sistema anatômico 410. Considerado como o implante de 5a. geração, o sistema 410 apresenta conformação anatômica biodimensional, revestimento texturizado Biocell e gel alta coesividade. Introduzido na década de 90 por 2 cirurgiões americanos (Tebbets e Maxwell), o modelo 410 apresentava uma matriz de 3x3 o qual permitia a possibilidade de 9 sub-modelos diferentes.
A partir do ano 2000 foi desenvolvido a matriz 4x3 com a adição dos submodelos X (ultra-projetado) que permitiu 12 sub-modelos diferentes e amplificando a possibilidade de opções para diferentes padrões anatômicos, tanto para cirurgias estéticas quanto reconstrutivas. Por meio da mensuração da base da mama e da altura consegue-se parâmetros para se decidir o melhor implante de acordo com as dimensões do torax da paciente. Conceito este determinado de "individualizado" uma vez que permite uma maior amplitude de opções de implante do que os convencionais perfis alto e baixo característicos dos estilos 110 e 120. Em outras palavras permite uma maior opção de implantes em termos de largura, altura e projeção e desta forma se "adequar" as características individuais de cada anatomia.
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Modelo Biodemensional 410 com matriz 3x3 - Dr. Alexandre Mendonça Munhoz - Cirurgia oncoplástica - Oncoplastic Surgery - Breast Reconstruction |
Ademais, a conformação do silicone deste último modelo é caracterizado como "form-stable" o qual favorece a estabilidade do implante em posição ortostática e reduz a incidência de "rippling" ou ondulamentos. Esta propriedade é decorrente do maior comprimento das cadeias do polímero do silicone além de ligações específicas entre as diferentes cadeias.
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Silicone gel coesivo - form stable - Dr. Alexandre Mendonça Munhoz - Cirurgia oncoplástica - Oncoplastic Surgery - Breast Reconstruction |
Entre as opções abordadas, foram mencionadas a técnica inframamária, a periareolar e por último a técnica axilar. Nesta última, há a possibilidade do emprego do plano subfascial o qual favorece o posicionamento e estabilidade do implante anatômico sem maiores riscos de deslocamento. Pacientes que refutam a idéia de cicatriz na região mamária, que apresentam pouca definição do sulco inframamário e que não apresentam ptose mamária são boas candidatas à técnica axilar subfascial com modelos anatomicos 410. A fáscia do músculo peitoral maior é identificada mais facilmente no acesso axilar uma vez que apresenta-se nesta região com maior espessura. Alguns estudos anatômicos demonstram espessuras entre 0,8 a 1,5 mm conferindo à fáscia propriedade de cobertura do implante na sua periferia.
Após a dissecção incial retrofascial, pode-se ser empregado intrumentos ópticos como video-endoscopia ou mesmo instrumentos cirúrgicos customizados os quais também são úteis na dissecção subfascial próximo ao sulco inframamário. Amplamente empregado com implantes redondos, existe atualmente certa controvérsia na indicação dos implantes anatômicos uma vez que há uma dificuldade maior de posicionamento do implante na loja mamária. Segundo o Dr. Munhoz, há a necessidade de um maior planejamento técnico e detalhes específicos na introdução e posicionamento deste tipo de implante. Todavia, e baseando-se nestes pontos específicos, não há contra-indicação para sua utilização por meio da via axilar.
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Santiago - Chile - Cirugia Oncoplastica - Dr. Alexandre Mendonça Munhoz - Oncoplastic Surgery Breast Reconstruction |
Dr.Alexandre Mendonça Munhoz, Sr.Eduardo Hagipantelli (Diretor Allergan America Latina) e Dr.Eduardo Sucupira no encerramento do Simpósio |